terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Complexidade, Simplicidade e Amor


Alguém avistou o "simples", nos últimos tempos? Aquela simplicidade que trás consigo a beleza da clareza. Aposto que não! A sensação é a de que o mundo atingiu um nível de complexidade, de modo a varrer dos dicionários a palavra "simples". Em voga, agora: o "complexo". Isto se observa em qualquer situação da vida.
1. Em um supermercado, por exemplo: Já repararam como é difícil comprar queijo? São inúmeras as opções. Para cada situação ou hora do dia existe uma opção correta. E no que tange a sabão em pó? Pior ainda! Para cada espécie de roupa existe um melhor do que o outro. Vinhos e Cervejas, então? Qual harmoniza com que prato? Qual vinho é melhor com que tipo de queijo? Chocolates? Shampoos?  Uma ida ao supermercado não é mais uma tarefa tão simples assim. Não vamos mais ao supermercado comprar ("o") queijo ou ("o") sabão em pó, mas alguns dos vários que existem. A vida não nos permite mais o privilégio da simplicidade.
2. Marcar atividades com os amigos, da mesma forma, não é mais uma tarefa simples. Outrora, bastava bater em suas portas, ligar ou chamar para tomar um chimarrão e conversar fiado. A atividade que seria desenvolvida pouco interessava. O que realmente importava era a parceria de estar entre amigos. Mesmo que para não fazer nada? Sim! Pouco importava! Hodiernamente, quem possui tempo para não fazer nada? Visitar os amigos passou a ser uma atividade digna de ser colocada na agenda, com direito a hora marcada e convite virtual. Faz-se necessário uma logística de dar inveja a grandes empresas!
Estes são pequenos exemplos a respeito de como a "simplicidade" nos abandonou. As tarefas mais simples que existiam, como ir ao supermercado e encontrar amigos, passam a adquirir uma complexidade espantosa. Não se pode olvidar que esta mesma complexidade trás enormes benefícios para a ciência. Entretanto, os efeitos colaterais dos avanços científicos obrados pela complexidade são um tanto quanto nefastos!
Com certeza, a maior vítima da complexidade foi o amor. Cadê aquele sentimento simples e romântico, alvo de adoração dos poetas e músicos? Será que nos contentamos ainda com o "simples"? Ou fomos absorvidos pela necessidade do complexo?
O amor, por si só, não é mais suficiente para manter um relacionamento. Digo, sem medo de errar, que ele passou a coadjuvante em uma relação, que hoje exige profissionais especializados para ditar as regras da vida conjugal - da alimentação ao sexo.
Um pouco demodée, o simples muito me agrada. Sua beleza inigualável beira a ingenuidade e trás consigo o mais terno dos sentimentos: o amor. Como na música de Erasmo Carlos, "O Caderninho", transcrita abaixo! Ah, o simples...

O Caderninho
"Eu queria ser o seu caderninho
Pra poder ficar juntinho de você
Inclusive na escola
eu iria com você entrar
E na volta juntinho ao seu corpo
eu iria ficar
Em casa então, você me abriria
Para me estudar, e se assustaria
Ao ver revelado em seu caderninho o meu rosto
te olhando e dizendo baixinho

Benzinho eu não posso viver longe você"

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